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quinta-feira, 14 de novembro de 2013

MASSIFICAÇÃO OU PERSONALIZAÇÃO DA EAD

Quando se trabalha com cenários a pergunta que se faz é a seguinte: _ “o que aconteceria se...” Isso nos leva a concluir que se trata de uma antecipação racional, baseada em hipóteses, as quais poderão ou não ser comprovadas segundo as experiências levadas a efeito.  Desta maneira é que nos aventuramos a pensar a pergunta: a partir do cenário atual.

De acordo com as informações disponíveis, os cursos na modalidade EAD cresceram mais em relação aos cursos presenciais no ensino superior, demonstrando que há receptividade dos usuários em relação às propostas institucionais. Em um ano, houve um aumento de 12,2% nas matrículas da EAD, enquanto a educação presencial teve um aumento de 3,1%.  Portanto, neste cenário, não há dúvida de que a modalidade de educação a distância veio para ficar e isso não pode ser desconsiderada pelas instituições educativas. Porém, o dilema é o seguinte: a EAD veio para levar o processo de ensino/aprendizagem às pessoas desprovidas de oferta de ensino presencial nas regiões que habitam? Ou veio para ampliar o ensino como um todo, com a oferta de novos cursos e novas possibilidades educativas nesta modalidade? Em ambas as situações a massificação está presente.

Os MOOCS, nas versões CMOOCs e XMOOCs estão em fase de expansão e crescimento no mundo inteiro revelando-se como um modelo pedagógico baseado na massificação, na escolha livre, na flexibilidade de acesso/desistência ao curso, na medida em que o aluno não está necessariamente ligado à instituição ofertante etc..
  
Em virtude deste raciocínio, devemos analisar também um aspecto preocupante neste cenário: a evasão nos cursos EAD é muito grande, inclusive nos MOOCS. O Censo realizado pela ABED em 2010 concluiu que a evasão dos estudantes é o maior obstáculo para a EAD segundo instituições que ofertam cursos nesta modalidade. Uma das principais queixas dos alunos diz respeito à falta de interação e necessidade de estudos autônomos, sem a orientação direta de um professor, o que não lhes permite criar “laços”.

Sendo assim, vemos que a questão da massificação traz uma solução e revela uma situação problema recorrente: o processo ensino/aprendizagem é baseado na relação interpessoal professor X aluno e quando isso não acontece gera desinteresse. As tecnologias permitem a massificação, mas a demanda parece que é por personalização e quando o aluno não se sente atendido em suas necessidades de comunicação/interação tende a desistir, pois se sente um “objeto” e não sujeito de aprendizagem.


Diante desta análise o futuro dos modelos educacionais em EAD deve trilhar o caminho apontado por Paulo Freire, segundo o qual “A relação pedagógica é uma relação amorosa” (FREIRE, 2011) e buscar caminhos que permitam o atendimento ao maior número pessoas com a manutenção de uma mediação pedagógica que possibilite a criação de vínculos entre o professor  ou tutor de um lado e o aluno, de outro.

Referência:
FREIRE, Paulo. Educação e Mudança. São Paulo, Paz e Terra, 34ª. Edição, 2011.


segunda-feira, 11 de novembro de 2013

ARTIGO ANTIGO, MAS SEMPRE ATUAL

Há mais de dez anos escrevi este artigo para um jornal no Rio de Janeiro.
Por sua atualidade nestes meses de final de ano, reproduzo-o aqui :


SERÁ MESMO SÓ PREGUIÇA?


Júlia Eugênia Gonçalves                


Final de ano...  proximidade das férias escolares!
Alegrias para uns, que tiveram êxito na esco­la; tristeza para aqueles que não alcançaram o sucesso.
Neste último caso, a queixa dos pais vem carregada de críticas:
__ “Ele não se esforçou"; ___ "Foi pura preguiça"; __ "Não levou a sério, vadiou o ano inteiro”; ___ "Não quer nada com o estudo", etc... etc... etc...
Será que é mesmo assim?              .
O fracasso escolar pode ser proveniente de algumas causas: deficiências orgânicas (nu­tricionais, visuais, auditivas, psicomotoras, neuroló­gicas); descompasso entre o desenvolvimen­to cognitivo do estudante e as exigências do currículo escolar; problemas de ordem emo­cional, que “ocupam” a mente; preocupações com conflitos internos que impedem a apreen­são dos conteúdos escolares que vêm de fora, do ambiente externo, da cultura; inadequação de práticas pedagógicas ou problemas do âm­bito escolar, tais como trocas sucessivas de professor durante o ano, paralizações que acarretam prejuízos no cumprimento dos programas, mé­todos mal aplicados, rigidez ou flexibilidade excessiva nas normas disciplinares.
O ser humano gosta do sucesso, almeja a felicidade. O insucesso na escola não pode ser fruto de mero descaso, cansaço ou preguiça. Quando isso ocorre, já evidencia um problema cuja causa deve ser pesquisada. A criança ou o adolescente que não tem êxi­to em seu processo de escolaridade precisa mais de ajuda do que de crítica!
Com o apoio de um profissional especializado, a família poderá compreender os motivos do fracasso escolar, identificar se sua causa é i­nerente ao sujeito aprendente ou se está na instituição (escola I família). O psicopedagogo poderá ajudar o estudante a a­valiar-se, elevar sua auto-estima, descobrir o prazer de aprender e alcançar o sucesso!
A intervenção psicopedagógica tem como objetivo prover o sujeito de melhores estratégias cognitivas que lhe permitam resolver de forma mais adequada os problemas propostos pela realidade e propiciar a descoberta de suas potencialidades, de seus talentos, de seus próprios estilos de aprendizagem, facilitando, desta maneira, a  apropriação dos conteúdos  escolares.
Quando o fracasso acontece na escola, é importante que não seja generalizado. Sabe-se que nem sempre os melhores alunos tornam-se as pessoas mais bem sucedidas na vida. Não se trata de defender a mediocridade ou a falta de estudo. O verdadeiro êxito é fruto de esforço e determinação. Porém, nem todas as pessoas têm as mesmas habilidades e competências e reagem da mesma maneira aos mesmos estímulos. Muitas vezes, o sistema escolar espera uniformidade e padrões de comportamento que não são exequíveis para alguns alunos. Uma criança ou adolescente com dificuldade de atenção/concentração ou que não tenha desenvolvido competências linguísticas  geralmente não é bem sucedida nas tarefas escolares, mas pode sê-lo nos esportes, no convívio social, em atividades comunitárias.
Diante de uma reprovação, antes de castigar é conveniente analisar os motivos que possam tê-la causado. Para que esta análise seja produtiva convém ouvir um elemento externo ao grupo familiar ou escolar, que tenha o distanciamento que garanta a neutralidade e a competência que sustente sua confiabilidade. O psicopedagogo é o profissional que possui estas características, pois trabalha prestando serviços de maneira autônoma e domina os conhecimentos relacionados aos aspectos objetivos e subjetivos envolvidos na complexidade do ensinar/aprender. Sua participação, neste momento tão difícil e delicado, pode possibilitar para todos os envolvidos a oportunidade de rever práticas que se mostraram ineficazes e de criar novos espaços dialógicos de cresci mento e desenvolvimento que produzam sucesso e felicidade!






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