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quarta-feira, 1 de agosto de 2012

SOBRE LIÇÃO DE CASA


Caros amigos,
Há alguns anos escrevi artigo intitulado "o Tempo e a Hora da Lição de casa", o qual, na época gerou muita reprovação por parte dos professores. Reproduzo-o abaixo:

                  O TEMPO E A HORA DA LIÇÃO DE CASA


                        A maioria das pessoas já deve ter ouvido aquela história do homem que foi reanimado após longo período de congelamento e que, aturdido diante das mudanças ocorridas no mundo, encontrou refúgio em uma escola onde a mudança não havia chegado.

                       Esta fábula é usada para demonstrar o paradoxo de uma instituição que deveria ser agente de mudança, mas que reluta em aceitar e acompanhar as transformações sociais.
                        É comum ouvirmos professores e gestores escolares se queixarem da família que não acompanha mais as atividades de seus filhos na escola, que não se interessa por eles, que tudo delega aos docentes, etc. Como se a família de hoje possuísse a mesma estrutura daquela de anos atrás! Parece que o ingresso da mulher no mercado de trabalho, a nova divisão de tarefas familiares, contextos originais incluindo casais homossexuais, não existissem de fato!
                        De acordo com esta realidade proponho uma análise da velha prática da lição de casa com suas repercussões na vida das crianças, seus familiares e seus professores. Chamo de “velha” tal atividade, porque considero que este adjetivo se refere a tudo aquilo que não pode mais ser utilizado, porque não possui mais as condições para tal. Não é o mesmo que “antigo” que pode ser utilizado há muito tempo, sem perder, contudo, as características inerentes ao seu valor e utilidade.
                          Penso que a lição de casa é uma prática envelhecida, que deveria ser descartada ao longo dos próximos anos, porque perdeu sua razão de ser.  Devem permanecer as práticas antigas, que sempre sustentaram a transmissão de conhecimentos entre gerações, tais como o cultivo de valores morais, da criatividade, da autonomia.
                           Neste mundo desigual de nosso tempo, a criança de classe média ou alta tem muitas atividades extra classe que ocupam seu tempo, tais como esportes, dança, informática, línguas estrangeiras dentre outras, que permitem a ampliação do campo de aprendizagens muito além do que a escola propõe. Aquela das classes menos favorecidas geralmente assume tarefas domésticas muito cedo por força de suas circunstâncias de vida ou é inserida em projetos sociais que ocupam o tempo extra-escolar com atividades de desenvolvimento pessoal propostas por instituições ou associações sem fins lucrativos. Seja qual for a realidade econômica e social, todas são expectadores de TV, recebendo muita informação. A lição de casa torna-se, para elas, uma obrigação difícil neste contexto na medida em que têm muitas outras formas de aprendizagem promovidas pelo ambiente social, apresentadas de forma mais interessante e estimulante. 
                           As famílias, por sua vez, não conseguem mais acompanhar as tarefas escolares propostas para serem realizadas no lar, porque aquela que ocupava esta função não pode mais faze-lo devido às novas tarefas que foram impostas à mulher / mãe no âmbito das relações produtivas. Além disso,  a divisão natural de trabalho ainda não atingiu verdadeiramente a maior parte dos casais. Tanto a mulher pobre, como aquela com melhores condições financeiras, estão inseridas no mercado de trabalho e passa grande parte do seu tempo fora de casa, o que inviabiliza de fato o acompanhamento extra-escolar das crianças. Quem tem condições contrata uma professora particular, ou uma explicadora, para exercer esta função. Mas... quem não tem....  A lição de casa torna-se, de acordo com esta realidade um problema, pois causa conflitos, gritos, brigas, desgastando as relações familiares e ocupando o pouco tempo de convivência que pais e filhos ainda desfrutam; gera culpa nas crianças e nos adultos.
                             Os professores alegam que a lição de casa é necessária para fixar a aprendizagem. Será que quatro horas diária de aulas não são suficientes para isso?  Alegam também que as tarefas passadas para serem realizadas em casa desenvolvem a responsabilidade. Será que as crianças que praticam esportes ou dança, que estudam línguas, não têm oportunidades, em tais atividades, de se tornarem responsáveis? E aquelas que assumem tarefas domésticas no lugar de adultos, que são responsáveis muitas vezes pela criação de irmãos menores? Alegam também que os pais exigem que seus filhos levem lições para casa temendo que se atrasem no desenvolvimento de seus estudos. Será que estes pais são orientados pelos professores no que diz respeito ás novas exigências sociais, às mudanças inseridas na legislação educacional, no sistema de acesso à Universidade?
                             Resta pensar que a lição de casa é ministrada porque se tornou um hábito e, como todo costume, deixou de ser pensado, de ser problematizado e caiu no círculo vicioso da repetição.
                              Convém também ressaltar que a necessidade de atenção, de acompanhamento, de encorajamento de uma criança deve ser atendida por sua família e seus professores, mas tal necessidade não pode ser substanciada de forma simplista na lição de casa. Pesquisas indicam que as crianças bem sucedidas na escola são aquelas cujos sentimentos de competência, de pertinência, de individuação, são estimulados pelos adultos que as educam e isso não é conseguido apenas com a realização de tarefas, mas exige dos familiares e educadores um compromisso com cada uma delas.
                              Possibilitar a reflexão sobre a educação das crianças, auxiliar os pais nesta função é a tarefa da escola e dos professores. Urge que se discuta na reunião de docentes, de pais, no colegiado escolar e nos conselhos comunitários, a permanência da lição de casa e os benefícios e malefícios que ela produz.
                              Somente após tal reflexão será possível decidir sobre mudanças ou permanências nesta prática tradicional e encaminhar propostas adequadas à nova ordem social vigente. A prática pela prática esgota-se em si mesma. A escola permanece como instituição porque, apesar da aparência conservadora, sempre foi capaz de discutir as questões relevantes para a comunidade que atende, colaborando, desta maneira, para o desenvolvimento de práxis educativas para as gerações futuras.


Hoje me deparei com matéria publicada a este respeito, no Jornal Folha de São Paulo, sobre o mesmo tema e disponibilizo-o aqui para estimular reflexões a respeito:


Pai não é professor particularROSELY SAYÃO - FOLHA DE SÃO PAULO - 31/07/2012 - SÃO PAULO, SPA criançada está de volta à escola. Foi bom esse tempo sem rotina, sem horário e sem obrigações escolares. Mas, será bom, também, o retorno a uma vida organizada.Faz bem para os mais novos saber, pelo menos um pouco, como será o dia seguinte. Dá a eles sensação de segurança, estabilidade.Nos primeiros dias na escola, é uma alegria para as crianças encontrar os colegas que não viram por quase um mês, contar as novidades, voltar a brincar com os amigos no recreio. Mas, logo depois recomeça, para muitos, uma jornada bem árdua.Não, não me refiro aqui aos deveres escolares e à tarefa de ter de aprender algo que não sabem -situação que nós sabemos ser bem difícil. Muitas crianças sofrem, de fato, com essas questões.Custa a elas assumir as pequenas responsabilidades que lhes cabem e custa mais ainda aceitar que não sabem e que precisam aprender para saber. E isso requer esforço e concentração.Nos tempos atuais, as crianças são iludidas pelas imagens e isso faz com que elas pensem que já sabem a respeito de quase tudo. `Eu sei` é a frase curta que repetem várias vezes ao dia, já reparou?Mesmo com tais dificuldades, as crianças podem superar os seus desafios escolares e colocar em atos o potencial que têm.Quando falei em jornada árdua, eu me referia ao envolvimento dos pais, tão requisitado atualmente, na vida escolar dos filhos.A frase `Se os pais acompanham de perto a vida escolar dos filhos, esses se saem melhor na escola` resume o principal argumento que leva adultos a estudar com as crianças, a fazer as lições de casa junto com elas, a providenciar trabalhos, a coletar informações na internet etc.A afirmação acima é verdadeira, claro. Qualquer pessoa que tenha ajuda em qualquer coisa se sai melhor. O problema é o equívoco que esse pensamento contém.Na escola, sair-se bem é aprender -e não simplesmente alcançar boas notas. E aprender, caro leitor, é uma tarefa que a criança precisa realizar sem a ajuda dos pais.Com o estilo de vida que nós adotamos, cada vez mais uma enorme quantidade de pais acredita que precisa acompanhar os estudos do filho e até realiza isso de bom grado. Quer dizer, mais ou menos.No início, até que a coisa vai bem, mas logo a paciência acaba e a relação entre os pais e o filho fica conturbada. É que os pais cobram esforço, dedicação e lição correta. E não costuma ser isso o que os filhos produzem.Para muitos desses pais, a tarefa parental se resume a esse acompanhamento da vida escolar e à gestão da vida do filho. A função dos pais é bem maior do que isso: é acompanhar a vida do filho.A função dos pais é dar ao filho a oportunidade de ele próprio se responsabilizar por sua vida escolar. É estimular no filho a vontade de formular perguntas que envolvem o conhecimento, de dirigi-las aos pais e de ficar interessado nas respostas. É, também, dar ao filho a chance de ele saber que é capaz de enfrentar sua própria batalha sozinho e dar conta dela.Essas são coisas muito mais importantes para a criança do que ter a mãe ou o pai sempre presente nos trabalhos, nas provas etc.Neste retorno às aulas, dê chance para que seu filho se aproprie de seus estudos. Isso não significa abandoná-lo. Ele precisa ser lembrado, incentivado, encorajado a assumir suas responsabilidades escolares e a seguir sempre em frente, mesmo com dificuldades e obstáculos.Mas isso pode ser feito sem que os estudos se tornem mais importantes para os pais do que para ele próprio.Os pais precisam se lembrar de o que filho já tem professores na escola, que é o local especializado no ensino. Em casa, a criança precisa é de pais, e não de professores particulares ou tutores.


segunda-feira, 30 de julho de 2012

OPORTUNIDADE DE ESPECIALIZAÇÃO EM EaD

Como psicopedagoga sempre estive atenta às mudanças de cenários educacionais, pois, trabalhar com mudança é a atividade da Psicopedagogia.Sendo assim, comecei a atuar na EaD há cerca de 7 anos, de início intuitivamente e hoje, profissionalmente, por meio dos Projetos Aprender Virtual  e EducEAD e coordeno um curso de pós-graduação a distância em Psicopedagogia pela Fundação Aprender em parceria com o Centro Universitário Newton Paiva. 


Penso que a EaD é um campo de trabalho muito rico para o psicopedagogo.Por isso, sugiro a vocês, meus amigos, que atentem para esta notícia:

"A Universidade Federal Fluminense (UFF), por meio do Laboratório de Novas Tecnologias de Ensino (Lante), abriu inscrições para o curso de Especialização em Planejamento, Implementação e Gestão da EaD. O curso, totalmente a distância e gratuito, é oferecido pelo sistema de UAB.O objetivo do curso é socializar as experiências de exercício da metodologia da Educação a distância implementadas pela UFF e capacitar professores e profissionais.O edital completo e todas as informações podem ser obtidas no site do Lante. As inscrições vão até o dia 12 de agosto. Esta é mais uma oportunidade de você enriquecer seu currículo e se especializar na área da Educação a Distância.".


Leia as matérias anteriores